quinta-feira, agosto 18, 2011

BIOSSEGURANÇA E CONTROLE SANITÁRIO EM RIO BONITO

À medida que a densidade populacional de uma cidade aumenta, a tendência é elevar a produção, a renda, a aquisição de bens, as moradias, enfim, o Progresso.

Eleva-se também o risco sanitário, a necessidade de capacitar a população quanto às noções de higiene, de vigilância sanitária, de orientação em relação às campanhas de vacinação, o controle das zoonoses, a conscientização frente às doenças transmissíveis, e quanto ao respeito e conservação do meio ambiente.

Há a necessidade de Políticas Públicas eficientes, que baseadas em corretos levantamentos epidemiológicos, podem traçar campanhas e metas, de forma interdisciplinar, de modo a garantir que o progresso venha acompanhado de todas as garantias de Sanidade.

Em relação ao município de Rio Bonito, tivemos acesso a um artigo com uma pesquisa descritiva e quantitativa sobre a detecção de agravos, isto é, a incidência de zoonoses de risco 2e 3, com o objetivo de acessar o arquivo de ocorrências da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e apontar as principais medidas de Biossegurança frente os agentes etiológicos envolvidos .

Agravo é uma expressão usada pelos epidemiologistas para designar doença. Epidemiologista é o profissional da área de Saúde, quer seja médico, médico veterinário, biomédico, zootecnista, engenheiro ambiental, que estuda o comportamento das epidemias, seu impacto sobre uma população, a sua resolução e prevenção de novos surtos. A epidemia se caracteriza pela incidência, em curto período de tempo, de grande número de casos de uma doença. E existe o termo endemia se traduz pelo aparecimento de menor número de casos , mas persistentes, isto é uma prevalência da doença, que sempre estará naquele local devido suas características ambientais. Por exemplo, no Rio de Janeiro, área de mangues, a dengue é endêmica. Porém, eventualmente com a entrada de novos vírus e a falta de mecanismos higiênicos e preventivos, ocorrem as epidemias de dengue .

Hoje em dia, o termo epidemiologia não é mais utilizado apenas para as doenças transmissíveis e infecciosas, mas também para todas as causas de adoecimento de uma população, como por exemplo, o consumo crônico do tabaco, a presença de metais pesados (mercúrio, arsênico, alumínio, por exemplo) na água , a poluição do ar, entre outros.

Já a zoonose, é uma doença ou agravo comum aos animais e ao homem, como a raiva, a tuberculose, a brucelose, a febre aftosa, a toxoplasmose, a leptospirose, a leishmaniose, exemplificando as mais frequentes na região que estamos nos referindo .
Nem sempre o animal é o vilão de uma doença infecciosa. Os casos de tuberculose detectados em cães domésticos, em quase sua totalidade advém de pessoas com a doença na família.

E o vilão da toxoplasmose, ao contrário do que muitos pensam, raramente é o gato, e muito mais comumente, aquele churrasquinho mal passado da esquina, cuja carne provavelmente não passou pela Vigilância Sanitária, e que pode conter as formas esporuladas do protozoário que nela ficam encistadas... Se for carne de porco, há ainda o risco de cisticercose, que provoca doenças neurológicas.

O artigo citado foi elaborado para informar a prevalência e a incidência de zoonoses no município de Rio Bonito, a partir da análise de dados obtidos pela Secretaria Municipal de Saúde da cidade .

E relação aos resultados, ocorreu um índice alarmante de dengue, embora não sendo uma zoonose, depende do ciclo do vetor, que é o mosquito. As doenças de importância pelo perigo de contágio entre espécies diversas foram: leptospirose (transmitida pela urina do rato), leishmaniose(cujo vetor é o mosquito pólvora), a doença de Chagas (transmitido pelo barbeiro), a hantavirose (cuja causa é o desmatamento, trazendo o virus para a cidade), esquistossomose (cuja provável causa é o alto número de caramujos na região).

As autoras concluem em seu trabalho que os profissionais de Saúde do Município de Rio Bonito precisam se sensibilizar e mobilizar mais em relação às medidas de tratamento e profilaxia das doenças. É necessário que todos saibam quais as doenças de notificação compulsória, quais a de notificação imediata, quais requerem isolamento total do paciente, como nas doenças com risco 3, tendo como exemplo o Hantavirus .

De acordo com a Portaria Nº 5, de 21 de fevereiro de 2006, são Doenças de Notificação Compulsória:


I. Botulismo
II. Carbúnculo ou Antraz
III. Cólera
IV. Coqueluche
V. Dengue
VI. Difteria
VII. Doenças de Chagas (casos agudos)
VIII. Doença de Creutzfeldt e outras doenças Priônicas
IX. Doença Meningocócica e outras meningites
X. Esquistossomose (em área não endêmica)
XI. Eventos adversos pós-vacinação
XII. Febre Amarela
XIII. Febre do Nilo
XIV. Febre Maculosa
XV. Febre Tifóide
XVI. Hanseníase
XVII. Hantavirose
XVIII. Hepatites virais
XIX. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana - HIV em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical
XX. Influenza humana por novo subtipo (pandêmico)
XXI. Leishmaniose Tegumentar Americana
XXII. Leishmaniose Visceral
XXIII. Leptospirose
XXIV. Malária
XXV. Meningite por Haemophilus influenzae
XXVI. Peste
XXVII. Poliomielite
XXVIII. Paralisia Flácida Aguda
XXIX. Raiva Humana
XXX. Rubéola
XXXI. Síndrome da Rubéola Congênita
XXXII. Sarampo
XXXIII. Sífilis congênita
XXXIV. Sífilis em gestante
XXXV.Síndrome da Imunodeficiência Adquirida- AIDS
XXXVI. Síndrome Febril Ictero-Hemorrágica Aguda
XXXVII. Síndrome Respiratória Aguda Grave
XXXVIII. Tétanop
XXXIX. Tularemia
XL. Tuberculose
XLI. Varíola


Em relação ao conceito de Biossegurança , de acordo com a Fiocruz é o conjunto de ações voltadas para prevenção, minimização ou eliminação de riscos.O profissional da Saúde para ser um instrumento efetivo no controle e prevenção de doenças e interagir com os orgãos governamentais e municipais de forma exemplar, tem que estar bem, atento, satisfeito com sua profissão, pois o estress aumenta o perigo de acidentes biológicos, de manipulação incorreta de material contaminante, causa pouca disponibilidade frente ao paciente, e leva a um permanente cansaço físico e mental .

Concluímos, que, de um lado temos os resultados cartesianos (quantitativos) de doenças emergentes e reemergentes no município de Rio Bonito, e de outro, os instrumentos subjetivos com que o Profissional da Saúde tem de lidar e muitas vezes superar, para manter-se num cadeia eficaz de atitudes Pró-Sanidade, não de alguns indivíduos apenas, mas de toda uma população.


Fontes Bibliográficas:

MELLO, M.L.V. Toxoplasmose e gatos . disponível em 18/07/2011 :http://bichosonline.vet.br/?cat=14

MONTEIRO,V.S.; CARDOSO, T.A.O. Biossegurança para o controle de Zoonoses e doenças transmitidas

por vetores no Município de Rio Bonito, Rio de Janeiro.Cad. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro ,19(1): 82-86.

Portaria Nº 5, de 21 de fevereiro de 2006 . disponível em 18 /07/2011

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/2006/prt0005_21_02_2006.html

Relatório do Sistema Nacional de Vigilância em Saude – Rio de Janeiro- Sistema de Informação de Agravos da Região (SINAN)- 2ª ed. Rev. 2006.pag 6.


ROUQUAYROL, M.Z. Introdução à Epidemiologia.Ed. Guanabara Koogan S.A. 4ª edição. Rio de Janeiro. RJ. 2006


Sistema de Informação em Biossegurança. FIOCRUZ. Disponível em 18/07/2011: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/StartBIS.htm


THRUSFIELD,M. Epidemiologia Veterinária. Ed. Roca. 2ª ed. 2004.547pps.



Maria Leonora Veras de Mello
Médica Veterinária
CRMV RJ/2165



Graduação pela Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF); Mestrado em Patologia Animal (UFF); Especialista em Homeopatia pelo Instituto Hahnemaniano do Brasil, em convênio com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e o Instituto Homeopático James Yyler Kent (IHB/UNIRIO/IHJTK); Especialista em Acupuntura pelo Centro Brasileiro de Acupuntura; Especialista em Metodologia da Pesquisa e Ensino Superior pelo Centro Universitário Fundação Educacional Serra dos Orgãos (UNIFESO); Docente nas disciplinas de Epidemiologia e Medicina Veterinária Preventiva e de Clinica Médica dos Animais de Companhia na Faculade de Medicina Veterinária da UNIFESO; Médica autônoma exercendo Clínica geral, Homeopatia e Acupuntura.


CO-AUTOR: Alex Hudson - Rio Bonito - RJ

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