Achei
interessante o título deste livro, publicado em 2004, e resolvi conhecer seu
conteúdo. Embora seja lógico que o autor traçou um objetivo, que foi escrever
uma história do Brasil na contra-mão do que se aprende nas cadeiras escolares,
e também sabendo que muita coisa realmente não chegou até nós, percebi que em
alguns momentos o autor, Leandro Naerdoch, que
inclusive já pubicou outro livro do mesmo estilo, sobre a America
Latina, colocou alguns fatos contestáveis como teorias pessoais.
Como o fato de mostrar os primeiros índios que acompanharam
a chegada de Cabral e suas caravelas já serem munidos de malícia para se
aproveitarem dos recem chegados, e que dominavam os primeiros brancos no Brasil mais do que eram dominados, e que vivam bêbados juntos aos engenhos de cana. Referiu
ainda que os indígenas nativos transferiram muito mais doenças aos brancos do
que o contrário. Por exemplo, citou que a sífilis foi uma doença saída das
Américas, mas não citou o fato que há comprovações que a mesma existia antes da
Idade Média na Europa. Escreveu que os índios também transmitiram a
tuberculose, quando se sabe que há indícios desta enfermidade em múmias do
Egito. Também omitiu uma estratégia dos colonizadores darem “presentes” contaminados com doenças
como sarampo e varíola.
Citou que negros alforriados ou que conseguiam comprar
sua liberdade, acabavam tendo escravos e mesmo se tornando por sua vez,
traficantes de escravos. Acredito que se fôssemos colocar estes fatos em
estatística, não seriam dados numericamente relevantes, junto aos mais de 4 milhões de seres humanos que sofreram tanto a tragédia da escravidão, mas é
importante lembrar que aqui o tema foi um Brasil politicamente incorreto, e
estes que agiram tão erradamente, não eram brasileiros e sim africanos.
Da mesma forma, o autor tem muitas informações sobre a
guerra do Paraguai, mostrando que realmente fez uma longa pesquisa, só que no o
politicamente incorreto foi o próprio Paraguai. Desta guerra, ocorreu a morte
de quase 70% da população paraguaia da época, mas qual guerra não é atroz e
violenta, e o que deveria estar pensando o governante paraguaio, quando pensou
poder tomar as terras brasileiras num ato totalmente insano, dadas as
proporções de um e outro país?
Afirmou
que Aleijadinho como o artista que conhecemos, nunca existiu,
que construiu-se um mito ao redor de sua pessoa. Como nunca existiu, se temos obras e obras falando
de seu trabalho e sua vida junto aos inconfidentes de Minas? As próprias obras
endossam o avançar de sua doença, quando as próprias estátuas também começaram
a apresentar deformações, reflexo provável de seu sofrimento físico, que lhe
serviu e serve ainda para quem quiser ver
como assinatura.
Estamos num país democrático, felizmente, e as observações sobre
as negociações atrapalhadas do estado do Acre, e considerações sobre o
confronto de São Paulo, são bastante minuciosas. Porém, achei desrespeitoso
chamar Santos Dumont de gay e picareta.. Os homens públicos e seus destinos, às
vezes saem do controle das próprias mãos, e ver a vida de uma pessoa famosa
apenas com as lentes da crítica, toldando suas qualidades, adicionando
impressões pessoais que por sua vez não são comprovadas, me fez algumas vezes
ter vontade de parar de ler.
Já na história de Carlos Prestes, a acidez característica da narrativa traz a idéia traçada num fio que chega à revolução de 64. Todos
sabemos hoje que o romantismo em torno daqueles rebeldes, que iam parar nos
calabouços de tortura, escondia não um ideal de liberdade, mas luta armada para
a imposição de uma ditadura comunista cruel como foram as da Rússia, China e
Cuba.
Senti falta apenas do relato sob o mesmo ponto de vista de todo o texto, dos fatos após a a Revolução, parando abruptamente em 64, com a impressão de cansaço. Espero que o autor, continue daí para frente em novas obras, para que possamos saber suas impressões sobre este Brasil dos últimos cinquenta anos.
Alex Hudson
Rio Bonito - RJ
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