Acreditamos numa verdade que aqui se faz, aqui se paga. De uma maneira ou de outra. Nem sempre o resgate das faltas morais que se comete ao outro encaminha-se pelas vias da Justiça dos homens. Há outros meios de ressarcir os erros. Também sabemos que nenhum sofrimento ocorre por acaso.
Porém, gostaria de chamar atenção que não é um erro que paga outro. Não tem sentido o quem vem chegando até nós sobre os maus tratos sofridos pelos torcedores do Coríntians presos há um mês após a morte de um torcedor boliviano. Foram arrancados, durante a noite, de suas celas na Penitenciária de San Pedro, em Oruro, levados ao pátio aberto e forçados a tirar a roupa e ficaram assim durante 30 minutos e a uma temperatura próxima de zero grau.
Ainda foram levados para um cárcere – o “calabouço”, sem acesso a luz natural e desprovido de vaso sanitário, e lá permaneceram até que alguém achasse que o castigo era suficiente.
Na reportagem da Isto é desta semana está escrito: “A polícia boliviana já possui elementos suficientes para confirmar a ausência de culpa da maioria dos corintianos presos em Oruro. Se é assim, por que eles continuam detidos? Por que estão sendo torturados? Por que foram abandonados pela diplomacia brasileira? Por que o Brasil virou as costas para eles?”
No exato momento em que o sinalizador foi disparado, alguns torcedores que mais tarde seriam presos pelos bolivianos tocavam tambores animadamente, de acordo com as imagens fornecidas. Outros que também foram arrastados para o presídio nem sequer tinham entrado no estádio quando o sinalizador foi disparado, informação que é confirmada pelos próprios policiais bolivianos. E há ainda o depoimento de um garoto de 17 anos que confessou o crime para as autoridades brasileiras (embora a autoria do disparo do sinalizador não tenha sido oficialmente confirmada pela perícia boliviana).
Citando ainda a revista “Isto é”: “Dentro do presídio, as condições são desumanas e está claro o risco de vida que os brasileiros correm”, diz Feldman, que criou um grupo na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional para tratar da libertação dos torcedores corintianos. Segundo ele, é certo que, no dia 4 de abril, uma comitiva de autoridades brasileiras irá à Bolívia para negociar com a Justiça local a transferência dos torcedores para uma prisão domiciliar. Em Oruro, os advogados de defesa dos torcedores se preparam para impetrar um pedido de habeas corpus. Essa é a nova esperança que alimenta os brasileiros presos. Quando esteve na Bolívia, Feldman foi alertado sobre o “conteúdo político” da prisão dos corintianos. Seria uma espécie de retaliação ao refúgio dado pela embaixada brasileira ao senador Roger Pinto, da oposição. O parlamentar, do partido de direita Convergência Nacional (CN), responde a mais de 20 processos na Justiça boliviana por acusações que vão de corrupção à chacina de indígenas.”
È uma questão claramente arbritária, onde a maioria dos torcedores são trabalhadores autônomos e sustentam suas famílias, que estão desprovidas desde sua prisão. Vários deles estão doentes, e em más condições físicas, o que os impedirá de pronto, mesmo livres a voltar imediatamente à vida normal.
Vamos torcer para que em 4 de abril a negociação seja positiva e que a Justiça se faça, com a libertação destes brasileiros, que por certo, já aprenderam muito com a situação,inclusive muitos deles, de forma injusta em relação a este triste episódio.
Alex Hudson
Rio Bonito - RJ
Fonte de consulta:
Revista Isto É
0 comentários:
Postar um comentário