O Brasil é o celeiro do mundo. Sua economia gira em torno do PIB gerado pelo agronegócio. No entanto, as super safras de grãos estão sendo prejudicadas por um problema crônico de escoamento.
Principal importador de soja do Brasil, a China cancelou a compra de um carregamento de 600 mil toneladas por causa do atraso. Com a super safra, os gargalos ficam evidentes.
Em 2012, 80% de tudo que passou pelo porto foi transportado por rodovias e 20% pelas ferrovias. Quando se fala apenas no carregamento de grãos para o porto de Santos, a região Centro-Oeste do país lidera. Mato grosso e Goiás foram responsáveis por 83% da movimentação de soja e milho no ano passado. Só o Mato Grosso exportou 60% da soja e 70% do milho que saíram de Santos.
Mas com a super safra, os gargalos ficam evidentes. O ponto mais crítico é um trecho de 25 km que leva aos terminais portuários do Guarujá. O percurso que deveria demorar, no máximo, 40 minutos virou um teste de resistência para os motoristas e há outros compradores cancelando a encomenda. Segundo o Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), o prejuízo já chega a R$ 115 milhões somente para os agentes marítimos.
Por conta deste atraso, provocado pelo congestionamento e pelos períodos de chuva, a fila de navios na barra, esperando para atracar no Porto de Santos, aumentou nas últimas semanas. Roque, presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo, explica que um navio de granel sólido de 600 mil toneladas que levava dois dias para carregar agora demora 3 dias e meio para realizar o procedimento. “Um navio de granel sólido parado na barra tem um custo fixo de 20 a 25 mil dólares por dia”, conta Roque. Além disso, há uma taxa fixada entre um armador e outro para a exportação do contêiner. Se esse prazo é vencido, eles devem pagar o custo de armazenagem que acaba sendo repassado para o consumidor final.
Enquanto isso, no outro principal porto, o de Paranaguá, no litoral do Paraná, não há filas de caminhão para embarcar soja. Em compensação, tem filas de navios de até 40 dias, um prazo inadmissível nos principais portos mundo afora. O Porto precisou desenvolver um sistema de senhas pela internet para avisar os caminhoneiros que está chegando sua vez.
A Associação Brasileira dos Terminais Portuários diz que o problema é geral. Segundo ela, além da falta de infraestrutura, ninguém faz planejamento para escoar a safra. Sem armazéns para guardar a produção, a carga segue para o porto e fica dias entre a estrada e o terminal até o navio ancorar.
Outro problema sério são as altíssimas taxas de frete. Para se ter um exemplo, na safra passada, custou R$ 195 por tonelada de Sorriso, no Centro-Oeste, a Santos. Agora está em R$ 320.
“Para resolver o problema, efetivamente, o país precisa implantar muita infraestrutura logística. Ferrovias, integração entre ferrovias, rodovias e hidrovias, e acessos a mais portos”, aponta Manoel dos Reis, do centro de estudos logísticos da FGV de São Paulo.
Representantes dos exportadores reclamam da demora na aprovação das obras para melhoria dos acessos ao Porto de Santos, em São Paulo. Segundo informações da Associação Comercial de Santos (ACS), a liberação de um projeto para licitação chega a demorar mais de um ano.
Alex Hudson
Rio Bonito - RJ
Fontes consultadas:
Portal G1
Aprosoja - MT
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