Ainda pensando nos jovens e no que nós, adultos, podemos nos engajar de verdade para ajudá-los a ficarem fortes e aptos contra as armadilhas da vida, comecei a ler textos de alguns famosos educadores como o brasileiro Gabriel Chalita, ex-Secretário de Educação do Estado de São Paulo e atual Presidente do PMBD do mesmo Estado, muito amigo do padre Fábio, outro intelectual que escreve muito bem. Tambem encontrei a rica obra de Edgar Morin, jornalista, deputado, educador e grande pensador francês e um livro simples e precioso ao mesmo tempo chamado “As Sete leis Espirituais do Sucesso” do médico indiano Deepak Chopra, famoso por escrever outros livros de auto ajuda como “A cura quântica” e “Criando Saúde”.
Do livro “Pedagogia da Alma”, Gabriel Chalita encontrou uma forma pueril de mostrar como é possível e fácil ensinar os principais valores de moral, solidariedade, fraternidade e retidão às crianças, através do mundo encantado dos contos infantis. Aliás, desde a Idade Média, os irmãos Grimm e Andersen sabiam disso e deixaram inúmeros contos, que até hoje são conhecidos, e que foram atualizados e adaptados por outro gigante que foi Walt Dysney.
Fica implícito que é importantíssimo, tanto em casa como na escola, explorar este universo subjetivo que é a mente da criança, os bons sentimentos e a possibilidade que tudo pode dar certo. Imprimir um sentimento de otimismo é primordial desde a tenra idade, porque sabe-se que qualquer premissa negativa só traz fraqueza e inaptidão do argumento que for. Sejamos nós tambem, otimistas sempre!
Voltando a Chalita, ele mistura ao universo dos contos de fada, citações bíblicas, demonstrando profundo conhecimento das mesmas, ao colocá-las tão bem para dar peso às suas argumentações.
Vejamos a beleza e sabedoria da passagem de Jó, cap. 28, v. 12-28:
“Mas a Sabedoria, donde provém ela?
Onde está o lugar da Inteligência?
O homem não conhece o caminho
Nem se encontra na terra dos mortais.
Diz o abismo:”Não está em mim”,
Responde o mar: “Não está comigo”,
Não se compra com o ouro mais fino
Nem se troca a peso de prata,
Não se paga com o ouro de Ofir,
Com o ônix precioso ou safiras.
Não a igualam o ouro nem vidro,
Não se paga com vasos de ouro fino.
Quanto ao coral e ao cristal, nem falar!
É melhor pescar a Sabedoria do que as pérolas.
Não se iguala ao topázio de Cush
Nem se compra com o ouro mais puro.
Donde vem, pois a Sabedoria?
Onde está o lugar da Inteligência?
Está oculta aos olhos dos mortais
E até das aves do céu está escondida.
A Perdição e a Morte confessam.
“O rumor de sua fama chegou até nós”
Só Deus conhece o caminho para ela,
Só ele sabe o seu lugar.
(Pois contempla os limites do orbwe
E vê quanto há debaixo do céu)
Quando assinalou seu peso ao vento
E regulou a medida das águas,
Quando impôs uma lei à chuva
E uma rota para o relâmpago e o trovão
Ele a viu e avaliou.
Penetrou-a e examinou-a.
E disse ao bomem:
‘O temor do Senhor, eis a Sabedoria;
Fugir do mal, eis a Inteligência’
Chalita deixa implícito aqui como todas as pessoas deveriam, uma vez que raciocinam, mas não se sabe exatamente até hoje onde fica a sede da inteligência, voltar-se para a religiosidade. Ele não fala em nenhum momento nessa ou naquela religião, mas em religiosidade, crença em um Deus, e a necessidade em desenvolver a inteligencia e compreender o imaterial para atingir a verdadeira sabedoria.. Complementa ele:”...Mas, respeitando o princípio de que o ser humano busca superar-se a cada momento, devemos procurar a sabedoria por toda a vida, sob pena de desprezarmos a valiosa oportunidade de dar um sentido pleno à nossa existência”.
Um dos contos por ele citado, é o do “O Patinho Feio”. Todos conhecem esta história, de uma velha pata de fazenda, que já estava cansada de chocar, e um dos ovos demorou demais, quando todos os outros patinhos já tinham nascido. O ultimo patinho, parecia muito feio e desengonçado, e a própria mãe pata tinha dificuldade de demonstrar carinho por ele. Os outros logo começaram a bater e a fazer pouco dele. O pobre patinho, tão pequenino ainda, resolveu fugir e sempre sofria situações constrangedoras, quando buscou ficar perto de um grupo de gansos, de galinhas, se assustou muito quando crianças o levaram para casa, e ele quebrou a louça da mãe, esbaforido e traumatizado pelas outras experiencias, tambem ali recebeu umas vassouradas. O pobre patinho voltou e desceu o rio, até ficar perto de umas aves lindas e enormes, mas ele já estava muito traumatizado, e não teve coragem de se aproximar. Naquele ano o inverno foi muito vigoroso, e o pequeno patinho quase não suportou. Mas ao começar a primavera, ele viu novamente aquelas lindas aves, e resolver arriscar tudo e ir ao encontro delas, ele já não se importava se batessem nele, mas ele tinha de vê-los de perto. Mas eis que fazem uma grande festa, o cercam com simpatia e carinho, e nesse momento, numa ondulação da agua, ele se viu refletido, e sua imagem não era mais de um feio patinho, ele era tão belo quanto aquelas aves que desde o inicio ele tanto admirara. Ele era um lindo cisne! E sua coragem de prosseguir na adversidade lhe permitiu que chegasse ao seu destino, onde a partir dali foi muito feliz.
Esta historia de Hans Christian Andersen, que resumi agora rapidamente, foi utilizada por Gabriel Chalita para mostrar a sabedorioa do autor, quando ao narrar as advesidades do pobre patinho, propositalmente faz nascer em cada um de nós, o sentimento de ajuda, de amor ao próximo, e respeito às diferenças, não ter pré-conceitos( escrito assim mesmo, para chamar atenção) nem pré-julgamentos. Mostra que não se respeitar as diferenças, gera baixa auto estima, sentimentos de rejeição e medo, e só o caráter firme e resoluto o permite prosseguir, sobreviver e enfrentar mais uma tentativa de de sociabilizar, quando ele finalmente encontra os seus iguais. Mostra a necessidade da convivência pacífica entre todos, que esta convivencia gera relações de troca de conhecimentos e amizade, imprescindíveis para um convívio social saudável.
E assim, poderemos utilizar todos os contos de fadas e historias, até mesmo inventadas, para trazer as lições de cada dia aos nossos pequenos, ensinado de modo leve, para eles serem fortes, inteligentes, saberem ter iniciativa e desenvolverem a capacidade de ultrapassar toda e qualquer situação.
Infelizmente, alguns rotulam como inúteis estas historias centenárias, mas estes, com certezas são péssimo educadores, que não conseguem mais ver a beleza e a inocência de uma criança que espera ser guiada e amparada até ter asas para escolher ser cisne, se quiser. Por mais intrincados que sejam os videogames atuais, não despertam , o entendimento, a vontade e o coração como os velhos contos.
Continuando, gostaria de deixar algumas palavras de Chopra, no livro “As Sete Leis Espirituais do Sucesso”:
“Quer você goste ou não, tudo o que está acontecendo neste momento é resultado de suas escolhas . Infelizmente muitos fazem escolhas inconscientes, e por isso, acham que não são escolhas.
Eu posso insultá-lo e ofendê-lo e voce escolher não se ofender. Da mesma maneira posso lhe fazer um elogio e você escolher não se sentir envaidecido.
Devido ao nosso condicionamento, temos respostas repetitivas e previsíveis aos estímulos do ambiente, Nossas reações parecem ser disparadas automaticamente por pessoas e por circuntâncias. No entanto, esquecemos um fato: essas reações são tambem escolhas que fazemos. Simplesmente, estamos escolhendo inconscientemente.
Se você parar um pouco e começar a observar suas escolhas no momento em que elas ocorrem, mudará esse aspecto de insconsciência. O simples ato de observá-las transfere todo o processo do terreno do insconsciente para o terreno do consciente. Esse procedimento – escolher e observar conscientemente – é muito enriquecedor”
O texto acima é uma belíssima lição, para que nós, adultos comecemos a rever nossos hábitos e atos, e ver o quanto ficamos robotizados e mecânicos, repetindo o que outros fazem, sem argumentar. A partir dele podemos voltar a analisar porque ás vezes ficamos tão insatisfeitos, como se estivéssemos numa armadilha, e aí veremos que são frutos de escolhas inconscientes, e que elas devem passar para o plano das coisas conscientes, que então passarão pelo crivo de nossa vontade. Daí, poderemos ensinar às crianças, que muitos de seus desejos são apenas reflexos massificados, e eles devem aprender a filtrar realmente o que querem e o que precisam, qual a verdadeira opinião que têm, e principalmente aprenderem o valor de uma opinião,pois para isto, tem que haver um trabalho consciente de compreensão do assunto. Enfim, voce ensinará seu filho, filha,ou qualquer criança a PENSAR por si. Hoje em dia, é necessário que a criança desenvolva o poder de argumentação, quanto a tudo ao seu redor, sua vida de relação, completamente diferente do passado, onde tinha de copiar o que os adultos faziam. Infelizmente, os adultos hoje frequentemente procedem muito errado, então as crianças tem de desenvolver com muita precisão esta capacidade de opinar sobre o certo e errado, não permitir que se formem condicionamentos que obliterem seus proprios pensamentos e escolhas. E naturalmente, próximo a estas crianças, tem de ter alguem que tenha conseguido libertar-se dos próprios condicionamentos, e que tenha conhecimentos precisos do certo e errado, enfim,, que tenha responsabilidade, seriedade e sobretudo, generosidade de “perder” tempo” mostrando a uma criança como desenvolver seu raciocínio nos trilhos corretos, que o levarão a caminhos por onde NUNCA se arrependa de suas escolhas.. Isto lembra Paulo Freire, que dizia que o pensamento tinha de ser primeiramente desconstruído, para depois ser reconstruído como conhecimento único, na individualidade de cada um.
Falar de Edgar Morin é muito complexo, e sendo ele ateu, dificulta um pouco a coesão com o pensamento acima. Eu acredito em entregar à criança uma crença em um Deus único, origem de todas a coisas. Quanto à escolha da religião, deve-se apresentá-la a uma, duas, várias, se for o caso, e respeitar no futuro a sua escolha, mas que tenha uma fé, que a preservará do sentido do nada e do caos, quando as coisas não estiverem correndo bem. Morin diz que o homem que agride o outro ou à natureza é um bárbaro –Homo demens -,oposto do Homo sapiens. E o caminho da sabedoria, que o faz “Homo sapiens”, é quando se consegue a integração de todos os saberes, isto é, das ciências exatas, ciências humanas e as artes. Buscar a cultura em toda parte,muito além dos bancos da escola. Quanto mais saberes o ser humano agregar, mas gentil, solidário e generoso ele se torna, aprendendo a dividir, a compartilhar. E eu concordo 100% com ele. A criança deve ser incentivada a ter fome de conhecimento, ter essa noção de pluraridade de habilidades e competências que fará dela um ser social, sociável, e apto para estar ativo e útil em qualquer lugar ou circunstância.
Alex Hudson
Rio Bonito - RJ
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