sábado, janeiro 21, 2012



Ainda pensando nos jovens e no que nós, adultos, podemos nos engajar de verdade para ajudá-los a ficarem fortes e aptos contra as armadilhas da vida, comecei a ler textos de alguns famosos educadores como o brasileiro Gabriel Chalita, ex-Secretário de Educação do Estado de São Paulo e atual Presidente do PMBD do mesmo Estado, muito amigo do padre Fábio, outro intelectual que escreve muito bem. Tambem encontrei a rica obra de Edgar Morin, jornalista, deputado, educador e grande pensador francês e um livro simples e precioso ao mesmo tempo chamado “As Sete leis Espirituais do Sucesso” do médico indiano Deepak Chopra, famoso por escrever outros livros de auto ajuda como “A cura quântica” e “Criando Saúde”.

Do livro “Pedagogia da Alma”, Gabriel Chalita encontrou uma forma pueril de mostrar como é possível e fácil ensinar os principais valores de moral, solidariedade, fraternidade e retidão às crianças, através do mundo encantado dos contos infantis. Aliás, desde a Idade Média, os irmãos Grimm e Andersen sabiam disso e deixaram inúmeros contos, que até hoje são conhecidos, e que foram atualizados e adaptados por outro gigante que foi Walt Dysney.

Fica implícito que é importantíssimo, tanto em casa como na escola, explorar este universo subjetivo que é a mente da criança, os bons sentimentos e a possibilidade que tudo pode dar certo. Imprimir um sentimento de otimismo é primordial desde a tenra idade, porque sabe-se que qualquer premissa negativa só traz fraqueza e inaptidão do argumento que for. Sejamos nós tambem, otimistas sempre!



Voltando a Chalita, ele mistura ao universo dos contos de fada, citações bíblicas, demonstrando profundo conhecimento das mesmas, ao colocá-las tão bem para dar peso às suas argumentações.

Vejamos a beleza e sabedoria da passagem de Jó, cap. 28, v. 12-28:


“Mas a Sabedoria, donde provém ela?
Onde está o lugar da Inteligência?
O homem não conhece o caminho
Nem se encontra na terra dos mortais.
Diz o abismo:”Não está em mim”,
Responde o mar: “Não está comigo”,
Não se compra com o ouro mais fino
Nem se troca a peso de prata,
Não se paga com o ouro de Ofir,
Com o ônix precioso ou safiras.
Não a igualam o ouro nem vidro,
Não se paga com vasos de ouro fino.
Quanto ao coral e ao cristal, nem falar!
É melhor pescar a Sabedoria do que as pérolas.
Não se iguala ao topázio de Cush
Nem se compra com o ouro mais puro.
Donde vem, pois a Sabedoria?
Onde está o lugar da Inteligência?
Está oculta aos olhos dos mortais
E até das aves do céu está escondida.
A Perdição e a Morte confessam.
“O rumor de sua fama chegou até nós”
Só Deus conhece o caminho para ela,
Só ele sabe o seu lugar.
(Pois contempla os limites do orbwe
E vê quanto há debaixo do céu)
Quando assinalou seu peso ao vento
E regulou a medida das águas,
Quando impôs uma lei à chuva
E uma rota para o relâmpago e o trovão
Ele a viu e avaliou.
Penetrou-a e examinou-a.
E disse ao bomem:
‘O temor do Senhor, eis a Sabedoria;
Fugir do mal, eis a Inteligência’


Chalita deixa implícito aqui como todas as pessoas deveriam, uma vez que raciocinam, mas não se sabe exatamente até hoje onde fica a sede da inteligência, voltar-se para a religiosidade. Ele não fala em nenhum momento nessa ou naquela religião, mas em religiosidade, crença em um Deus, e a necessidade em desenvolver a inteligencia e compreender o imaterial para atingir a verdadeira sabedoria.. Complementa ele:”...Mas, respeitando o princípio de que o ser humano busca superar-se a cada momento, devemos procurar a sabedoria por toda a vida, sob pena de desprezarmos a valiosa oportunidade de dar um sentido pleno à nossa existência”.



Um dos contos por ele citado, é o do “O Patinho Feio”. Todos conhecem esta história, de uma velha pata de fazenda, que já estava cansada de chocar, e um dos ovos demorou demais, quando todos os outros patinhos já tinham nascido. O ultimo patinho, parecia muito feio e desengonçado, e a própria mãe pata tinha dificuldade de demonstrar carinho por ele. Os outros logo começaram a bater e a fazer pouco dele. O pobre patinho, tão pequenino ainda, resolveu fugir e sempre sofria situações constrangedoras, quando buscou ficar perto de um grupo de gansos, de galinhas, se assustou muito quando crianças o levaram para casa, e ele quebrou a louça da mãe, esbaforido e traumatizado pelas outras experiencias, tambem ali recebeu umas vassouradas. O pobre patinho voltou e desceu o rio, até ficar perto de umas aves lindas e enormes, mas ele já estava muito traumatizado, e não teve coragem de se aproximar. Naquele ano o inverno foi muito vigoroso, e o pequeno patinho quase não suportou. Mas ao começar a primavera, ele viu novamente aquelas lindas aves, e resolver arriscar tudo e ir ao encontro delas, ele já não se importava se batessem nele, mas ele tinha de vê-los de perto. Mas eis que fazem uma grande festa, o cercam com simpatia e carinho, e nesse momento, numa ondulação da agua, ele se viu refletido, e sua imagem não era mais de um feio patinho, ele era tão belo quanto aquelas aves que desde o inicio ele tanto admirara. Ele era um lindo cisne! E sua coragem de prosseguir na adversidade lhe permitiu que chegasse ao seu destino, onde a partir dali foi muito feliz.

Esta historia de Hans Christian Andersen, que resumi agora rapidamente, foi utilizada por Gabriel Chalita para mostrar a sabedorioa do autor, quando ao narrar as advesidades do pobre patinho, propositalmente faz nascer em cada um de nós, o sentimento de ajuda, de amor ao próximo, e respeito às diferenças, não ter pré-conceitos( escrito assim mesmo, para chamar atenção) nem pré-julgamentos. Mostra que não se respeitar as diferenças, gera baixa auto estima, sentimentos de rejeição e medo, e só o caráter firme e resoluto o permite prosseguir, sobreviver e enfrentar mais uma tentativa de de sociabilizar, quando ele finalmente encontra os seus iguais. Mostra a necessidade da convivência pacífica entre todos, que esta convivencia gera relações de troca de conhecimentos e amizade, imprescindíveis para um convívio social saudável.

E assim, poderemos utilizar todos os contos de fadas e historias, até mesmo inventadas, para trazer as lições de cada dia aos nossos pequenos, ensinado de modo leve, para eles serem fortes, inteligentes, saberem ter iniciativa e desenvolverem a capacidade de ultrapassar toda e qualquer situação.



Infelizmente, alguns rotulam como inúteis estas historias centenárias, mas estes, com certezas são péssimo educadores, que não conseguem mais ver a beleza e a inocência de uma criança que espera ser guiada e amparada até ter asas para escolher ser cisne, se quiser. Por mais intrincados que sejam os videogames atuais, não despertam , o entendimento, a vontade e o coração como os velhos contos.

Continuando, gostaria de deixar algumas palavras de Chopra, no livro “As Sete Leis Espirituais do Sucesso”:

“Quer você goste ou não, tudo o que está acontecendo neste momento é resultado de suas escolhas . Infelizmente muitos fazem escolhas inconscientes, e por isso, acham que não são escolhas.

Eu posso insultá-lo e ofendê-lo e voce escolher não se ofender. Da mesma maneira posso lhe fazer um elogio e você escolher não se sentir envaidecido.

Devido ao nosso condicionamento, temos respostas repetitivas e previsíveis aos estímulos do ambiente, Nossas reações parecem ser disparadas automaticamente por pessoas e por circuntâncias. No entanto, esquecemos um fato: essas reações são tambem escolhas que fazemos. Simplesmente, estamos escolhendo inconscientemente.

Se você parar um pouco e começar a observar suas escolhas no momento em que elas ocorrem, mudará esse aspecto de insconsciência. O simples ato de observá-las transfere todo o processo do terreno do insconsciente para o terreno do consciente. Esse procedimento – escolher e observar conscientemente – é muito enriquecedor”

O texto acima é uma belíssima lição, para que nós, adultos comecemos a rever nossos hábitos e atos, e ver o quanto ficamos robotizados e mecânicos, repetindo o que outros fazem, sem argumentar. A partir dele podemos voltar a analisar porque ás vezes ficamos tão insatisfeitos, como se estivéssemos numa armadilha, e aí veremos que são frutos de escolhas inconscientes, e que elas devem passar para o plano das coisas conscientes, que então passarão pelo crivo de nossa vontade. Daí, poderemos ensinar às crianças, que muitos de seus desejos são apenas reflexos massificados, e eles devem aprender a filtrar realmente o que querem e o que precisam, qual a verdadeira opinião que têm, e principalmente aprenderem o valor de uma opinião,pois para isto, tem que haver um trabalho consciente de compreensão do assunto. Enfim, voce ensinará seu filho, filha,ou qualquer criança a PENSAR por si. Hoje em dia, é necessário que a criança desenvolva o poder de argumentação, quanto a tudo ao seu redor, sua vida de relação, completamente diferente do passado, onde tinha de copiar o que os adultos faziam. Infelizmente, os adultos hoje frequentemente procedem muito errado, então as crianças tem de desenvolver com muita precisão esta capacidade de opinar sobre o certo e errado, não permitir que se formem condicionamentos que obliterem seus proprios pensamentos e escolhas. E naturalmente, próximo a estas crianças, tem de ter alguem que tenha conseguido libertar-se dos próprios condicionamentos, e que tenha conhecimentos precisos do certo e errado, enfim,, que tenha responsabilidade, seriedade e sobretudo, generosidade de “perder” tempo” mostrando a uma criança como desenvolver seu raciocínio nos trilhos corretos, que o levarão a caminhos por onde NUNCA se arrependa de suas escolhas.. Isto lembra Paulo Freire, que dizia que o pensamento tinha de ser primeiramente desconstruído, para depois ser reconstruído como conhecimento único, na individualidade de cada um.



Falar de Edgar Morin é muito complexo, e sendo ele ateu, dificulta um pouco a coesão com o pensamento acima. Eu acredito em entregar à criança uma crença em um Deus único, origem de todas a coisas. Quanto à escolha da religião, deve-se apresentá-la a uma, duas, várias, se for o caso, e respeitar no futuro a sua escolha, mas que tenha uma fé, que a preservará do sentido do nada e do caos, quando as coisas não estiverem correndo bem. Morin diz que o homem que agride o outro ou à natureza é um bárbaro –Homo demens -,oposto do Homo sapiens. E o caminho da sabedoria, que o faz “Homo sapiens”, é quando se consegue a integração de todos os saberes, isto é, das ciências exatas, ciências humanas e as artes. Buscar a cultura em toda parte,muito além dos bancos da escola. Quanto mais saberes o ser humano agregar, mas gentil, solidário e generoso ele se torna, aprendendo a dividir, a compartilhar. E eu concordo 100% com ele. A criança deve ser incentivada a ter fome de conhecimento, ter essa noção de pluraridade de habilidades e competências que fará dela um ser social, sociável, e apto para estar ativo e útil em qualquer lugar ou circunstância.





Alex Hudson

Rio Bonito - RJ

0 comentários:

Top Mais Lidos

"Projetar Brasília para os políticos que vocês colocaram lá,
foi como criar um lindo vaso de flores
para vocês usarem como pinico.
Hoje eu vejo, tristemente,
que Brasília nunca deveria ter
sido projetada em forma de Avião
e sim de Camburão...”.

A.D.



Tão lindas eram suas MATAS
Tão verdes eram seus montes
Tão límpidas eram suas aguas
Tão pacifico era seu povo
Hoje é apenas um arremedo do que foi ontem
O tal progresso insiste em exterminar tudo o que um dia foi bom, gostaria de lhe preservar aos meus olhos
Sobrou apenas a lembrança do que você já foi MINHA AMADA RIO BONITO.

Alex Hudson
(27/11/2011)