RIO BONITO NÃO É UM GUETO MARGINAL, NEM UM ANTRO DE MISÉRIAS

Eu tenho diversas fotos sobre os acontecidos em Boa Esperança que foram publicadas em diversos veiculos de comunicação, mas prefiro mostrar esta foto da real e unica Boa Esperança que conhecemos.

O crime hediondo que tivemos notícia estes dias, desnuda uma situação sombria, que veio talvez somente à tona, pela própria crueldade. Como foi o que aconteceu recentemente com a execução do menino de Basílio.

A necessidade intuitiva de sobrevivência e vida, nos faz esquecer rápido destes fatos soturnos, e buscamos mudar nosso foco para as notícias diárias que preenchem nossa existência, e na falta das mesmas, até procuramos nos descontrair com brincadeiras, abobrinhas, para anestesiar um pouco a horda violenta que nos cerca.

Não era para ser assim, não era para Rio Bonito estar presenciando estas frequentes mazelas, nossa cidade tem tudo para ser um paraíso pacato e atrativo para quem quer descansar do torvelinho das metrópoles, e local aprazível para os habitantes criarem seus filhos em Paz.

Rio Bonito não é um gueto marginal, nem um antro de misérias, e eu estou pensando aqui no ditado que o homem é produto do meio. Talvez o lixo que se amontoa nas ruas, o saneamento deficiente, a perda das referências culturais, a falta de uma educação básica mais inclusiva, principalmente nos lugares mais afastados, o cuidado público com a Saúde, estejam causando um desconforto e uma desconstrução social, com ampla perda de valores, incluindo a própria vida.

E vejo que isto não é uma questão para nos acomodarmos, pois a violência é um fenômeno social mundial. Sim, parece que ultimamente os personagens de filmes de terror invadiram o planeta com sua barbárie. Mas não podemos nem devemos nos acostumar com crimes e desvarios ao nosso redor.

Falam da epidemia mundial da violência contra a mulher, e quem sabe o que andará acontecendo por aqui, na nossa terrinha, de violências físicas, emocionais e morais, que ficam encobertas pelo silencio e o medo. Quantos e quantos dramas devem estar ocorrendo por trás das paredes dos lares riobonitenses, fruto da agressividade e da dependência de álcool e drogas...

Eu vejo tudo isso como uma grande tragédia socioeconômica e política. Sem subsídios para a população, sem uma vigilância policial suficiente, sem orientação pedagógica e psicológica adequada, sem a implantação e manutenção  de parques de lazer e esporte, campos de futebol que tragam as velhas peladas de finais de semana, onde a população de cada bairro possa se confraternizar e sociabilizar...Sem programas continuados para a Saúde neonatal, dos adolescentes e dos idosos, como o que ocorre em Niterói, nas praças, que possuem aparelhos ergonômicos, tai chi e sessões diárias de ginástica...Sem programas semanais com artistas “minhocas da terra”, sob o patrocínio municipal, distraindo e alegrando os finais de semana do povo, tal como ocorre com as cidades da região dos Lagos.. Sem a beleza da Arte, da Cultura, do saneamento básico, do acesso integral à água potável, como manter a cidade como um grande  e único organismo, saudável e livre dos horrores de espíritos doentios?

Então não é uma critica revoltada, não é um ressentimento pelo prometido e não feito. Nesse momento eu apelo para a humanidade que há em cada um dos nossos políticos locais. Que de uma maneira sincera recebam este pedido para ver a amplitude da responsabilidade que têm em mãos, e que obtenham uma visibilidade panorâmica de modo a utilizar suas verbas e orçamentos para realmente dignificar este adjetivo – Bonito - que se insere em nosso nome. E é a Vontade Política que pode transformar em abundância, que haja um amplo contágio de boa vontade, bem estar e segurança, de Paz, um bom contágio, que suplantará a virulência nefasta do mal.

Vamos todos juntos pensar nisso, e construir nosso pequeno mundo melhor, aqui e agora.

Alex Hudson
Rio Bonito - RJ