OS 55 ANOS DO FUSCA NO BRASIL

Nunca houve um carro como o Fusca...

Criado na década de 30 do século XX, a partir de uma parceria entre o ditador Hitler e Ferdinand Porshe, O Volkswagen Fusca foi o primeiro modelo de automóvel fabricado pela companhia alemã Volkswagen. A proposta foi :

 criar um carro pequeno;
 para quatro pessoas,;
 que fizesse até 100km/h;
 motor refrigerado a ar;
 consumo de 7 litros de gasolina/100km;
 robusto;
 fácil manutenção;
 barato (cerca de mil marcos imperiais na época de seu primeiro modelo).

Protótipo criado por Ferdinand Porshe a mando de Hitler no início de 1930

Foi o carro mais vendido no mundo, ultrapassando em 1972 o recorde que pertencia até então ao Ford Modelo T. Os desafios foram muitos, pois todos estavam acostumados com carros grandes, mas estes eram dispendiosos e dependiam de água para refrigerar seu motor.

O Fusca é um veículo notável, que não por acaso chegou a ser eleito pela imprensa internacional “O Carro do século XX”. Esteve presente em mais de 150 países, vendendo 21 milhões de unidades. Wolkswagen significa “carro do povo”. No Brasil, a primeira fábrica para montagem do Wolkswagen foi na Via Anchieta, em São Bernardo do Campo. As peças alemãs chegavam ao porto de Santos e levadas para a fábrica para serem montadas.

No governo de Juscelino Kubitscheck, ocorreu grande impulso da indústria automobilística. O Brasil também brilhava no futebol, e assim, havia um clima propício para se fazer uma linha de montagem totalmente brasileira, ultrapassando o preconceito do Brasil só entender de agricultura, e mostrar que era capaz de ser também um país industrializado. A fabricação de uma linha de fuscas produzidos totalmente no Brasil ocorreu em 1959, exatamente a 3 de janeiro, e o primeiro comprador foi o milionário Eduardo Andreas Matarazzo. A família Matarazzo comprou na ocasião mais 29 fuscas.

O Volkswagen Sedan, nome original do Fusca, tinha motor 1,2 litro de quatro cilindros refrigerados a ar que rendia apenas 36 cv. Já o câmbio era de quatro marchas, com a primeira não sincronizada, ou seja, só podia ser engatada se o carro estivesse parado. Carismático e robusto, o Fusca fortaleceu seu caminho rumo aos corações dos brasileiros logo após a sua nacionalização e, em 1984, quando completou 25 anos no país, já havia mais de 3 milhões de unidades rodando Brasil afora, 40% de toda a produção local da Volkswagen.

Seu enorme sucesso fez com que fizesse parte do cotidiano do brasileiro. Não há uma foto das ruas das cidades brasileiras no ultimo meio século, onde não seja veja um ou vários fuscas.

Transformou-se em ídolo, foi sucesso no cinema com o simpático Herbie, e sua fama rendeu 6 filmes, onde ele aparece falante e cada vez mais humanizado, interagindo com as pessoas.

Porém, tudo sofre a ação do tempo, e aos poucos foi sendo ultrapassado por modelos mais bonitos, modernos e possantes até que parou de ser fabricado no Brasil em 1986, devido a queda da procura no mercado.

Em 1993, o então Presidente Itamar Franco deu ordem de relançar o Fusca, mas ele não conseguiu se manter por muito tempo. Foi o México o último a parar de fabricá-lo, em 2003.

Todos da década de 80 devem se lembrar do sucesso do “Fuscão Preto”, de Rogério Almir. O cantor é também um aficionado pelo carro, e diz que quem tem um fusca não pode se desfazer, tem de conservar.

Outros dizem que ter um Fusca caracteriza uma filosofia de vida, um modo de ser, de pensar, de viver, de evocar talvez memórias de tempos onde a felicidade acontecia de forma mais simples. Hoje os sonhos de consumo de vestuário, moradia, veículos, se tornaram estratosféricos, e se isto significa felicidade, ela está se tornando cada vez mais longínqua para a maioria. Ou talvez este seja o cerne da perda de ética, de escrúpulos, para se obter estes novos ícones de “status”. A questão é onde se colocam os sonhos, e onde está o que realmente vale a pena...

Por estas e por outras, de uma maneira casual e simples, vem crescendo nosso Clube do Fusca Rio Bonito, e que ele consiga levar esta bandeira de significados que a imagem de um velho fusquinha desperta. Não é se ter ou se obter um fusca por modismo, é saber, antes de tudo, PORQUE se tem um fusca.