domingo, junho 14, 2015


Por muito pouco não tive o privilégio imenso de ter Leir Moares como colaborador do “$em Cen$ura$”. Que pena, não deu tempo, mas fica minha admiração por este filho da terra que foi tão longe levando nossa cidade além de seus limites.
Quisera ter podido conhecê-lo melhor, mas buscando seu acervo através da mídia, encontro um homem rico no sentido pleno. Viveu como queria, livre e solto como foi na sua infância, lá na Prainha, como falou em vídeo de 2011.
Com certeza com as letras em seu DNA, filho de Anita de Souza Moraes, nome de escola na Prainha e primo de Nilza Rolim, outro expoente literário de nossa cidade, com suas poesias e sua vida dedicada ao magistério, acompanhei com emoção os passos que percebi em sua caminhada.
Não vou ficar repetindo o que já foi dito sobre ele, mas tentarei mostrar o que ainda não foi escrito. Fez de tudo um pouco, aos 9 anos foi estudar no “Barão”, onde começou a traçar seus sonetos, aos 18 anos, em 1955, foi jogador de futebol pelo Motorista F.C.
Cliente assíduo do bar do Mineiro, entre uma cachacinha ou um cafezinho, inspirou o futuro artista, ajudando-lhe na formação. Dizia que vivia uma vida saudável, no seu ponto de vista, já que fumava, bebia, e fazia tudo o que as almas emancipadas dos artistas costumam fazer, dentro do bom senso.
Teve seu próprio jornal durante 4 anos, o “Baixada Fluminense”, daí, havia dito que me ensinaria os caminhos das pedras em meu jornal.... Mas ele deixou a dica, pois quando queria publicar um novo livro, procurava os amigos que com certeza comprariam e quando achava que arrecadaria suficiente, mandava para gráfica, e assim foi dando certo. Dizia que o envolvimento do jornalista com a notícia tinha de ser profundo, pois seria como uma ponte, entre a notícia e o seu público.
Conseguiu tanto êxito que entrou para a Academia Fluminense de letras em 1974. Em 2012, conseguiu um dos seus maiores sonhos, ocupar a cadeira nº 9, que havia pertencido a B. Lopes, cujo estilo tem alguns traços como podemos ver em parte de seus sonetos:


“[...] Quero apenas um beijo, com gosto de agora,
refratário à saudade. [...] “
“ [...]Há um silêncio absoluto enquanto estamos a sós... Não falamos um minuto: nosso amor fala por nós [...] ”.


Nos depoimentos que pude ver, pude observar um enorme saudosismo, não apenas por um rio Bonito que não existe mais, mas por um mundo que não se adequava mais ao seu coração de poeta. Saudade de amigos que já tinham ido, de paisagens, hábitos e estilo de vida que não mais conseguia encontrar.
Espero que seu legado se perpetue através de seus livros comentados nas escolas de Rio Bonito, de peças teatrais que podem ser produzidas pelo Lona na Lua e por Rai Ribeiro que já deixou seu tributo em sua página no Facebook. Não há necessidade de requintes, apenas não deixar suas palavras virarem cinzas. Nem as dele, nem a de todos os grandes que passaram por nossas terras, fertilizando-as com seus pensamentos, com seu modo de viver, inteiro, íntegro, lições de vida que não podem de modo nenhum ser delegadas ao limbo.
Segue seu caminho, Leir, encontrando-se em algum lugar com seus amigos, suas verdades, os seus feitos. Vá em Paz, na Luz, transforme-se em estrela para iluminar nosso céu, para que possamos mostrar aos filhos de nossa terra, em anos vindouros, que brilhou entre nós e deixou sua assinatura de um homem que trilhou seus caminhos e cumpriu sua vocação sem medo ou hesitação, escreveu seu destino com honra e personalidade, o que cada um deveria fazer.
Finalizo com um poema seu:

RIO BONITO, MEU AMOR
O pincel da natureza
matiza a serra
eternizando a beleza,
na tela da minha terra.
E o Sol dorme na montanha,
despertando a alma da cor,
que o visitante estranha
e a gente chama de amor

Rio Bonito é aquarela
que em muitos sonhos se vê,
debruçada na janela,
preguiçosa do Sambê.
Cada sorriso é um abraço,
traduzindo o bem-querer,
solto no ar, no espaço,
que não se pode esquecer.

Rio Bonito, meu amor
sinto a festa e a alegria
de seus dias de esplendor,
de seresta e poesia.

Alex Hudson

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"Projetar Brasília para os políticos que vocês colocaram lá,
foi como criar um lindo vaso de flores
para vocês usarem como pinico.
Hoje eu vejo, tristemente,
que Brasília nunca deveria ter
sido projetada em forma de Avião
e sim de Camburão...”.

A.D.



Tão lindas eram suas MATAS
Tão verdes eram seus montes
Tão límpidas eram suas aguas
Tão pacifico era seu povo
Hoje é apenas um arremedo do que foi ontem
O tal progresso insiste em exterminar tudo o que um dia foi bom, gostaria de lhe preservar aos meus olhos
Sobrou apenas a lembrança do que você já foi MINHA AMADA RIO BONITO.

Alex Hudson
(27/11/2011)