sábado, novembro 26, 2011


Reunir oportunidade de obtenção de renda extra, técnicas de aproveitamento de subproduto da pesca e arte é o que pescadores da Lagoa de Juturnaíba conseguiram ao concluírem no último dia 23/11 o “Curso de Artesanato com Escamas de Peixes”, ministrado pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), na Associação de Pescadores local. Ele ensinou aos participantes (homens e mulheres) a confeccionarem bijuterias artesanais de flores, pulseiras, colares, brincos, broches, pingentes, chaveiros e tiaras aproveitando escamas do pescado.

Tendo o apoio da Secretaria municipal de Agricultura, Abastecimento e Pesca (Semaap) e da própria entidade que representa a categoria, a iniciativa durou três dias com aulas da professora Edwiges da Silva Pereira. O titular da Semaap, Rafael Badia; a diretora de Pesca e presidente da Associação de Pescadores, Jurema Maria da Conceição; e os representantes do IFF Bernardo Alberto Marcussi e Adriana Paula Islongo estiveram no local durante o encerramento.

Segundo Bernardo Marcussi, o curso faz parte de um projeto desenvolvido em parceria entre os Ministérios da Pesca e da Educação visando a formação humana nas áreas de Pesca e Aqüicultura, através do IFF, por meio da soma de capacitações. “Já tivemos, por exemplo, com este mesmo grupo, o “Curso de Processamento de Pescado e Elaboração de Produtos” e agora estamos fazendo o de aproveitamento de escamas que é uma espécie de desdobramento do primeiro”, explica Bernardo, acrescentando que este já existe em localidades como Iguaba Grande, Búzios e Cabo Frio. O objetivo, segundo ele, é oferecer alternativa de fonte de renda e trabalho aos pescadores lançando mão do que eles dispõem no local.

A presidente da Associação de Pescadores disse que o curso foi muito bem aceito e aproveitado pelos associados e que a Administração Municipal, através da Secretaria municipal de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, ficou de ver a possibilidade inclusive de ceder a cada um dos participantes um kit de ferramentas e insumos necessários ao desempenho do novo trabalho.

Eles deverão expor e vender seus produtos em feiras de artesanatos promovidas dentro do Município, através de projetos de Economia Solidária, assim como em outras cidades. Futuramente, com as obras de urbanização da orla da Lagoa, que deverão atrair mais visitantes ao local, os artesanatos também poderão servir como produto turístico (souveniers) do Município e da localidade em particular, projetando o material característico e o nome da cidade para além de suas fronteiras. As peças podem ser comercializadas em média entre R$ 10,00 (pulseiras) e R$ 40,00 (colares).

Jurema acredita que a produção artesanal será muito boa de acordo com a quantidade de peixes capturados por mês, que varia entre 100 e 500 quilos de diversos tipos. Reconhece, entretanto, que as escamas mais indicadas e utilizadas para o artesanato são as de espécies como Piau, Traíra e Piabanha. Os participantes, principalmente as mulheres mais jovens, disseram que este foi um dos melhores e mais interessantes cursos que já tiveram. Praticamente todas as peças feitas até agora são direcionadas ao público feminino, mas a instrutora adiantou que irá orientá-los a confeccionarem, também, adornos que possam ser usados por homens, como chaveiros com figuras estilizadas de peixes, por exemplo. Mesmo os do sexo masculino, como Luiz Severino da Silva, se mostraram entusiasmados em participar da confecção de peças caracteristicamente femininas.

A professora Edwiges ressaltou que todos os participantes conseguiram um bom aproveitamento e que eles também poderão aproveitar escamas de peixes obtidos em outros locais, além dos seus, como tainhas e corvinas, de água salgada, cujas carapaças dão bom resultado artesanal. Entre os peixes produzidos e pescados na lagoa, um dos que apresenta melhor resultado é a traíra, já que suas escamas são graúdas, alvas e rígidas.

Para confeccionarem as bijuterias, os novos artesãos utilizam alicates, cola quente, hastes flexíveis e fios, além de peças de metal, entre outros materiais. O processo de preparação das escamas inclui sua lavagem com cloro, o enxágüe e a secagem à sombra. Após elas são tingidas com soluções corantes feitas a partir de vegetais como boldo, e também cascas de cebola, beterraba e cenoura, assim como pigmentos de flores, à base de água fria. “As escamas podem ser guardadas no congelador logo após a limpeza dos peixes para serem utilizadas quando a pessoa quiser”, informa Edwiges, que ensina as técnicas do trabalho em cidades da Região dos Lagos há mais de 10 anos.

Reunidas numa bancada, por exemplo, as peças artesanais representam uma atraente profusão de cores que variam entre o vermelho das flores (as quais são a base temática do trabalho proposto) e os tons de azul, coral, verde e bege, de outras bijuterias, além da brilhante madre-pérola que é a tonalidade natural da maioria das escamas. Sem dúvidas, um bonito arranjo visual e uma ótima opção de rendimento.


Escrito: por Evaldo Peclat Nascimento


Fonte:

P.M.S.J.

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"Projetar Brasília para os políticos que vocês colocaram lá,
foi como criar um lindo vaso de flores
para vocês usarem como pinico.
Hoje eu vejo, tristemente,
que Brasília nunca deveria ter
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e sim de Camburão...”.

A.D.



Tão lindas eram suas MATAS
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Tão límpidas eram suas aguas
Tão pacifico era seu povo
Hoje é apenas um arremedo do que foi ontem
O tal progresso insiste em exterminar tudo o que um dia foi bom, gostaria de lhe preservar aos meus olhos
Sobrou apenas a lembrança do que você já foi MINHA AMADA RIO BONITO.

Alex Hudson
(27/11/2011)